segunda-feira, 5 de maio de 2008

Tirinha



A charge revela o drama vivido pelo personagem originalmente branco das tirinhas, Arturzinho, quando levado a viver um dia como negro no Brasil. É estranho constatar que em um país tão negro como o nosso, sobreviva e perpetue-se um modelo de racismo tão cruel, porque não se expressa de forma clara, se camufla por trás de belos discursos e apenas aparece nas situações cotidianas do convívio social. A charge ainda faz uma crítica a discriminação social, que ainda que em menor escala do que a racial, prolifera-se cada vez mais, tendo como alimento a miséria promovida pela injustiça social e desigualdade econômica que são gritantes no país. Por fim ainda cita a situação da mulher negra que sofre de dois tipos de preconceito ao tentar ingressar no mercado de trabalho ou ao realizar qualquer outra inter-relação social.

Entrevista

Entrevista: Gustavo Venturi comenta dados relevantes sobre a pesquisa "Discriminação racial e preconceito de cor no Brasil"


1) Qual a importância da pesquisa sobre discriminação racial no Brasil?


Assim como o estudo que fizemos em 2001, sobre a situação das mulheres brasileiras, a pesquisa "Discriminação racial e preconceito de cor no Brasil" procurou investigar uma temática considerada relevante, chamando a atenção para esse problema tão sério, vigente no país. Um problema que, como todas as questões sociais importantes, só vai ser superado se for amplamente discutido pela sociedade e se houver políticas públicas que transformem a realidade em que se reproduz.Noutras palavras, esta pesquisa está inserida na história dos estudos do NOP, no sentido de trabalhar com temas relevantes e presentes na nossa realidade, para aumentar o volume social de discussão sobre essas questões. Nossa expectativa é contribuir para que a FPA siga cumprindo seu papel de fomentadora do debate público.

2) Como explicar que 90% da população diz existir racismo e, no entanto, apenas 19% manifestam preconceito?

Primeiro precisamos distinguir entre preconceito e discriminação racial, ainda que ambos se alimentem da mesma ideologia racista, cujas raízes remontam às justificativas políticas e econômicas para o tráfico de negros e negras, vigente no Brasil por mais de três séculos. Pode-se reconhecer a existência do racismo no país e a atualidade de suas muitas expressões em forma de discriminação institucional, cuja percepção buscamos captar na pesquisa, sem que se partilhe de concepções raciais preconceituosas.No que tange ao preconceito racial, isto é, no plano da sociabilidade cotidiana, das relações interpessoais, a pesquisa realizada pelo Datafolha em 95 trabalhou com duas escalas de aferição: uma mais rigorosa (que registrou o índice de 87% de pessoas preconceituosas, que caiu para 74% em 2003) e outra, menos rigorosa, que trabalhava apenas com 5 das 12 questões sobre o tema - aquelas em que eram bastante claras as manifestações do preconceito. Por essa escala, os que manifestaram algum nível de preconceito passaram de 42% em 1995 para 19% em 2003.A contradição que você aponta está no fato de as pessoas reconhecerem que o racismo é um problema social disseminado, mas, diante do temor de serem estigmatizadas como preconceituosas, ou mesmo de encararem de frente o próprio preconceito, a maioria acaba considerando este um problema "dos outros", ou seja, poucos se declaram preconceituosos, preferindo projetar o preconceito e o racismo para o conjunto da sociedade.

3) A pesquisa revela que o preconceito racial caiu em relação a 1995 (de 87% para 74%). Qual sua avaliação sobre esses dados?

De fato, o índice de brancos e pardos que assumiam ter preconceito contra negros era, em 1995, de 12%. Nesta pesquisa, caiu para 4%. Já pela escala indireta de preconceito, criada pelo Datafolha, tínhamos em 95 um índice de 87% que manifestavam algum nível de preconceito e, agora, temos 74%. É ainda um índice muito alto, mas caminhou-se numa direção positiva.A polêmica que fica, naturalmente, é se essa queda nos índices reflete uma mudança real de atitude das pessoas ou se apenas mostra mais atenção para o discurso "politicamente correto".Avalio que as duas hipóteses são verdadeiras. De um lado, temos ¼ da população brasileira representada na pesquisa do NOP que não estava no levantamento de 8 anos atrás, ou seja, o contingente que tem hoje de 16 a 24 anos. É exatamente nesse contingente que o preconceito de cor é menor, quando analisamos suas manifestações de acordo com a faixa etária. Isso pode ser expressão de uma mudança efetiva de atitude entre os mais jovens, que seria fruto de uma combinação importante: a intervenção do movimento negro, que, junto com o movimento de mulheres, conseguiu em 95 a revisão das diretrizes educacionais do MEC, que passaram a explicitar que os livros didáticos não poderiam trazer conteúdos preconceituosos, submetendo-os, desde então, ao crivo de analistas compromentidos.Além disso, como a crítica sobre o racismo aumentou nos últimos anos, a retórica politicamente correta certamente também tem contribuído para coibir as manifestações mais claras de preconceito. De qualquer forma é um avanço, pois mostra que a sociedade está mais atenta para essa questão e que as pessoas preconceituosas se sentem mais acuadas.

Charge


O cartoon ilustra uma personagem de orelhas desproporcionais a ser alvo de chacota por parte de outras duas, que têm orelhas normais, mas possuem, por outro lado, caudas. Trata-se de uma metáfora que relaciona o preconceito com uma característica muito própria do ser humano: a incapacidade de reconhecer os próprios defeitos. Numa outra leitura, o desenho também sugere que o feio ou o bonito, o normal ou o fora do comum, são coisas relativas.

Artigo

Existe discriminação contra homossexuais no mercado de trabalho?

Será que as empresas discriminam profissionais homossexuais ? Até que ponto essa discriminação afeta as relações de trabalho? Infelizmente, mesmo estando às portas do século 21, perguntas como essas ainda são difíceis de serem respondidas.
De acordo com as leis federais, é proibida a diferença de salário, exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. Uma luta constante da sociedade atualmente é pela inclusão de uma emenda nesse artigo, com a entrada do termo "orientação sexual" na lei. Somente com essa emenda, a discriminação dos homossexuais poderia efetivamente aparecer na constituição e ser tratada abertamente.
Um exemplo da luta contra a discriminação é o Grupo Gay da Bahia, a mais antiga associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais do país. O GGB é uma entidade organizada para defender os direitos da comunidade homossexual da Bahia e do Brasil, lutando contra qualquer forma de preconceito contra gays, lésbicas, travestis e transexuais. O grupo organiza diversos encontros e palestras informativas e ajuda as vítimas de discriminação com um serviço de esclarecimento dentro das empresas.
O grupo guarda um grande arquivo com casos de preconceito nas mais diferentes situações de trabalho. Desde atores que são insultados na rua por interpretarem homossexuais até casos mais graves, como demissões provocadas por denúncias, muitas vezes infundadas, de comportamento escandaloso dos funcionários. Dispensas sob alegação de falta de interesse e postura indevida também são comuns nesses casos.
O preconceito sofrido pelo grupo homossexual pode ser considerado o mesmo que atinge negros, mulheres, deficientes físicos e mentais. Ele é velado, dificilmente aparece e, na maioria das vezes, não é divulgado. "Acredito que os homossexuais sofrem tanto preconceito na hora da contratação como os deficientes físicos, negros e mulheres. Algumas empresas ainda têm esquemas muito arcaicos de contratação", diz Rudney Pereira Junior, consultor de recursos humanos da
Foco.
Hoje é mais comum encontrar homossexuais em profissões liberais e autonômas, onde o mercado é mais aberto. É claro que as preferências sexuais do candidato não são citadas durante uma entrevista. Ainda existe um tabu muito grande nessa área e a idéia do "homossexual caricato" continua muito presa à imagem do grupo.
Segundo o consultor da Foco, nas empresas, tudo depende muito da política de contratação e das exigências de cada uma. "Vários homossexuais passaram pela minha seleção e foram encaminhados para as empresas sem nenhum problema. Acredito que a condição ou orientação sexual de uma pessoa é algo que não deve interferir na carreira e no trabalho", finaliza Junior.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Porque as diferenças fazem diferença?



O vídeo nos faz refletir sobre os diferentes tipos de discriminação, que infelizmente ainda se fazem presentes nos dias de hoje. A discriminação racial, sexual, religiosa, social, ideológica, entre tantas outras que excluem todos aqueles que não se enquadram nos padrões ditos ''aceitáveis''. Julgar uma pessoa por sua cor de pele, seu nível financeiro, sua opção sexual, ou sua crença religiosa é uma maneira extremamente superficial de rotulação e preconceito, no sentido literal da palavra, formando-se um conceito pré definido sobre aquela pessoa sem antes conhecê-la. Além disso, o vídeo faz com que nos coloquemos no lugar desses discriminados, fazendo-nos olhar de outro ponto de vista, e levando-nos a pensar melhor sobre nossos atos em relação a essas pessoas. Será que nós não discriminamos também? Somente o fato de criticar, julgar de forma negativa ou olhar de maneira pejorativa nos torna pessoas que contribuem para a exclusão. A conclusão que podemos tirar é que independente de raça, condição financeira, religião, opção sexual, ou qualquer diferença que possa existir entre as pessoas, temos que entender que todos nós somos seres humanos, que vivemos no mesmo espaço, temos as mesmas necessidades, sentimentos e desejos, e devemos ser tratados com igualdade.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

O homem e as viagens

Terra, lugar de miséria e pouca diversão. Marte humanizado, que lugar quadrado. Põe o pé em Vênus. Vê o visto, é isto? Mas que chato o Sol. O homem funde a cuca se não for a júpiter. Ao acabarem todos só resta o homem. Descobrindo em suas entranhas inexploradas a perene, insuspeita alegria de com-viver.

O homem cria máquinas para exapandir seu campo de atuação, nesse desejo incontrolável e intrinsecamente humano de sempre fazer novas descobertas, acaba perdendo o foco sobre o que se passa no interior do homem sociedade. Ele maquiniza-se para colonizar e humanizar o universo, quando na verdade não compreende a complexidade e a necessidade de se humanizar a própria terra e o próprio homem. Isto fará com que o homem utilizasse a tecnologia já existente para resolver os problemas terrestres e não para além de buscar novos planetas como forma de fuga, levar pra os mesmos os problemas que já foram criados no planeta azul, assim legitimando a sustentabilidade da sua própria existência.